domingo, 13 de outubro de 2013

[Opinião] "Um Comércio Respeitável", de Philippa Gregory

Sinopse: 1787. Bristol é uma cidade em franco crescimento, uma cidade onde o poder atrai os que estão dispostos a correr riscos. Josiah Cole, um homem de negócios que se dedica ao comércio de escravos, decide arriscar tudo para fazer parte da comunidade que detém o poder na cidade. No entanto, para isso, Cole vai precisar de capital e de uma esposa bem relacionada que lhe abra as portas necessárias.
Casar com Frances Scott é uma solução conveniente para ambas as partes. Ao trocar as suas relações sociais pela proteção de Cole, Frances descobre que a sua vida e riqueza dependem do comércio respeitável do açúcar, rum e escravos.
Entretanto, Mehuru, um conselheiro do rei de Ioruba, em África, é capturado, vendido e enviado para Bristol, onde será educado nos padrões ocidentais por Frances, por quem, inexoravelmente, se irá apaixonar.

Em Um Comércio Respeitável, Philippa Gregory oferece-nos um retrato vívido e impressionante de uma época complexa onde impera a ganância e a crueldade que devastaram todo um continente.




Opinião:
Philippa Gregory foi dada a conhecer aos leitores de todo o mundo depois de escrever os livros da série Tudor e da Guerra dos Primos. "Um Comércio Respeitável" é completamente diferente das outros livros. Em tudo. O único ponto que liga estes livros é o país.


Este é um livro dificil de se comentar. Tem uma enorme carga emocional e personagens fortes (principalmente os escravos) que nos prendem ao livro do princípio ao fim.

Mehuru é um sacerdote africano que, durante uma missão pelo seu reino (Ioruba) e juntamente com o seu criado Siko, é raptado pelos negreiros ingleses e atirado para um navio para ser vendido como escravo em Inglaterra. E é quando chega a Inglaterra que a sua vida se cruza com a vida de Frances. Frances é uma mulher timida e discreta que aceitou casar com um comerciante a troco do seu dote. Depois de perder a sua mãe e, um ano depois, o seu pai, Frances vai viver com o seu tio Scott e com a sua tia. Quando Josiah envia o seu pedido de casamento, Frances sabe que é a única maneira de escapar da sua vida de tristezas e angústias. Quando o seu marido lhe diz que vai ter de ensinar inglês aos escravos que ele comprou, conhece Mehuru e, ao longo do tempo, apaixonasse. Um amor proibido e impossível.

A escrita é tão envolvente que, em certos momentos, parece que estamos dentro da história com a Frances, o Mehuru, a Sarah, o Josiah, etc. É um livro triste, sem nunca existir uma verdadeira felicidade. Em 85% do livro senti-me depressiva e com vontade de matar umas quantas personagens. A diferença de classes está bem caracterizada, onde são feitas coisas que atualmente não passam pela cabeça de ninguém. Até os "novos ricos" são renegados e humilhados.

Na minha opinião a personagem mais bem formada deste livro é o Mehuru. É inteligente, gentil, é um líder. Tenho de confessar que ao longo do livro me fui apaixonando por ele e só queria que ele conseguisse fugir e que deixasse para trás aquele amor proibido que o podia levar à morte. Frances, na minha opinião, é uma personagem fraca. Nunca conseguiu levantar a voz, nunca conseguiu proteger os "seus" escravos, nunca conseguiu dizer "NÃO!". Eu sei que antigamente as mulheres eram um adereço: para ser visto, mas não ouvido. Mas não a consigo entender. Mesmo. Mas penso que a sua atitude final conseguiu limpar algumas das suas falhas anteriores. Sarah é uma mulher amargurada com vida, mas também com os pés bem assentes na terra. Tenho pena que ela nunca se tenha entendido com Frances. Podiam ter sido o apoio uma da outra. Josiah é o exemplo perfeito de que a ambição tem limites. Ele era um homem bom, um homem muito bom para os padrões daquela época. Mas queria sempre mais, mais e mais. E isso foi a sua morte. 
Gostaria de ler a continuação deste livro para saber o que aconteceu com algumas personagens, e se outras irão ser castigadas pela sua mesquinhez e maldade.

É um livro maravilhoso e que me deixou emocinalmente devastada.
Recomendo.

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