quarta-feira, 16 de abril de 2014

[Opinião] "Vitória de Inglaterra. A Rainha que amou e ameaçou Portugal", de Isabel Machado

Sinopse: Como se atrevem? O grito ecoou pelos corredores do palácio. Vitória de Inglaterra, a rainha que aos 18 anos subiu ao trono para recuperar a dignidade da monarquia britânica, não queria acreditar no que os seus olhos viam. Um mapa com uma grossa barra cor-de-rosa a dividir o continente africano em duas partes, ligando o oceano Atlântico ao Índico. Como era possível que um país aliado como Portugal ameaçasse o seu sonho de dominar o continente negro recheado de promessas de riqueza e glória? O coração de Vitória estava dividido entre os interesses políticos e os laços familiares e de afecto que a ligavam à família real portuguesa. Era amiga de D. Maria II e de D. Fernando. O seu reinado foi tão longo, o maior da história de Inglaterra, que viveu para ver governar D. Pedro V, D. Luís e D. Carlos… Mas os interesses políticos estavam acima dos laços de amizade. Era preciso acabar com o sonho português. O Ultimato de 1890 manchava para sempre a relação entre as duas coroas, para grande tristeza de Vitória que amava Portugal. Baseado numa intensa pesquisa histórica, Isabel Machado, autora de Isabel I e o seu médico português, traz-nos a vibrante história desta mulher fascinante que fez de Inglaterra o maior império do mundo no século XIX. Casada com Alberto de Saxe-Coburgo-Gotha, vive uma das mais belas histórias de amor, trazendo ao mundo nove filhos. Feita de contradições, a cada página desta biografia romanceada descobrimos uma mulher sensual, de paixões violentas e humores oscilantes, marcada pela alegria, pelo amor do seu povo e pela tragédia.


Opinião:
"Vitória de Inglaterra. A Rainha que amou e ameçou Portugal" traz até nós uma das personagens mais importantes na história mundial. Traz até nós a rainha que reinou durante mais de 60 anos e foi amada incondicionalmente pelo povo durante esses anos todos e ainda continua a ser amada. Uma rainha que manteve uma relação estreita com Portugal que foi iniciada no curto tempo que passou com D. Maria II de Portugal.

Quando li "D. Maria II - Tudo por um Reino" fiquei curiosa com a pessoa que estava por trás das cartas que nos eram mostradas no livro. Com este livro foi possível conhecê-la. Uma mulher que viveu para o amor e que tinha na maternidade uma questão secundária. Uma mulher um pouco mimada e que via cada gravidez como um impedimento para a sua relação com Alberto. Há medida que os anos foram passando aprendeu a amar os filhos mas nunca como amou o marido.

Vitória viu reinar, em Portugal, uma rainha e dois reis e viu, também, como a mesquinhez das pessoas pode levar à queda de popularidade da monarquia. O que ditou o seu fim.

Penso que "ameaçou" é um termo excessivo para descrever as suas acções aquando da publicação da carta de divisão de África. Depois de ter conhecimento da mesma, Vitória tentou de tudo para travar o desejo dos seus ministros de iniciar uma guerra com o seu aliado de centenas de anos. Penso que isto mostra o grande amor que ela tinha pelo nosso país além de nunca ter tido oportunidade de o visitar. 

O livro está bem escrito mas, por vezes, tornou-se um pouco maçudo e diminiu o meu ritmo de leitura. Por essa razão dou 3 estrelas ao livro. Mas a escritora conseguiu passar para o papel a personalidade de Vitória e fazer-nos ama-la como D. Maria a amou.

[Opinião] "O Elixir da Imortalidade", de Gabi Gleichmann

Sinopse: Um romance apaixonante que se estende por mil anos da história da Europa, desde a Lisboa de 1140 até à Oslo dos nossos dias, protagonizado pela família Spinoza.
Desde o século XI que a família Espinoza tem vindo a passar de pai para filho um manuscrito secreto que contém o segredo da imortalidade. Agora, passadas trinta e seis gerações, o último descendente desta longa e ilustre cadeia, Ari Espinoza, não tem um filho a quem o legar. É no leito de morte que começa a escrever a sua narrativa, na esperança de salvar a família do esquecimento. As duas grandes fontes de Ari para a história da sua família são uma arca cheia de documentos amarelos, herdada do avô, e as histórias do tio Fernando, que em criança o encantaram e ao irmão Sasha.
Falavam do envolvimento dos Espinozas em alguns dos mais importantes acontecimentos culturais europeus e eram intercaladas com narrativas de tirania, criatividade e revolta social: o Portugal medieval, a Espanha de Torquemada, a Amesterdão de Rembrandt, a Revolução Francesa, a Viena de Freud e os horrores das duas Grandes Guerras.
O Elixir da Imortalidade é um misto de verdade e ficção que reescreve a história da Europa através de narrativas cheias de humor, imaginação, escândalos e tragédias que vêm a reforçar a ideia de que «a única coisa que pode dar a imortalidade aos humanos nesta terra é a sua capacidade de recordar».


Opinião:
Gabi Gleichmann traz até nós um romance monumental que atravessa séculos. Somos conduzidos através de épocas e de personalidades que, à sua maneira, nos marcaram profundamente.

A história é narrada por Ari, o último descendente dos Espinoza. Começa em 1140 quando Baruch é abordado por um velho mendigo e é incumbido de passar as palavras de uma tábua aos seus descendentes. Para isso ele tem de iniciar uma viagem que o irá levar até ao reino de Portugal onde se torna médico da corte e cria o Elixir da Imortalidade. O segredo do elixir passa de geração em geração, atravessando guerras e ganancias. Este livro está repleto de personagens maravilhosas e voluntariosas mas também de personagens maliciosas e invejosas. Mas também está repleto de personagens que, ou não têm nada haver com a família Espinoza ou entraram nela por casamento mas que têm um papel fundamental no desenvolvimento da mesma. Uma dessas personagens é o tio-avô de Ari que durante a sua vida lhe contou as histórias dos familiares.

Além do título ser "O Elixir da Imortalidade" este tem um papel secundário na história. É mencionado algumas vezes mas o foco é nas personagens, nos seus feitos, nos seus fracassos e sucessos. A personagem que mais me marcou foi o tia-avô de Ari, Fernando. Era um homem maravilhoso que perdeu o amor da vida dele por causa da II guerra mundial. Era uma personagem reservada que vivia unicamente para os momentos em que contava as histórias aos seus netos. 

É um livro grande e que por vezes requer paragens por causa da intensidade da história mas que foi uma leitura deliciosa e que não me vou esquecer nos próximos tempos. Provavelmente o melhor livro que li em 2014. Uma boa aula de história.

Recomendo.