terça-feira, 1 de julho de 2014

[Opinião] "A Rainha Descalça", de Ildefonso Falcones

Sinopse: No mês de janeiro de 1748, uma mulher negra deambula pelas ruas de Sevilha. Atrás de si deixou um passado de escravatura em Cuba, um filho que nunca mais tornará a ver e uma grande viagem de barco até à costa de Espanha. Caridad já não tem um dono que lhe dê ordens, mas também não tem onde dormir quando se cruza com Milagros Carmona, uma jovem cigana de Triana por cujas veias corre o sangue da rebeldia e a arte dos da sua raça.
As duas mulheres tornam-se inseparáveis e, entre sarabandas e fandangos, a cigana confessa à sua nova amiga o amor que sente pelo arrogante Pedro García, de quem a separam antigos ódios familiares. Pela sua parte, Caridad esforça-se por calar o sentimento que brota em seu coração por Melchor Vega, o avô de Milagros. 
Quando um mandato real converte todos os ciganos em proscritos, a vida de Milagros e Caridad sofre uma trágica reviravolta. Embora os seus caminhos se separem, o destino voltará a uni-las numa Madrid onde confluem contrabandistas e cómicos, nobres e vilões; uma Madrid que se rende à paixão que emana das vozes e dos bailes dessa raça de príncipes descalços.
Ildefonso Falcones propõe-nos uma viagem a uma época apaixonante, marcada pelo preconceito e pela intolerância. De Sevilha a Madrid, desde o tumultuoso bulício dos ciganos até aos teatros senhoriais da capital, os leitores desfrutarão de um fresco histórico povoado de personagens que vivem, amam, sofrem e lutam por aquilo que acreditam ser justo.


Opinião:
Não tenho palavras para descrever este livro. Soberbo? Magnifico? Perfeito? Acho que ele é todas estas coisas e mais algumas...

Ildefonso Falcones trás até nós um romance histórico que interliga a vida de Caridade (Cachita) e de Milagros. Uma é uma negra recém libertada da escravidão e a outra é uma cigana a viver em Sevilha. Estamos em pleno séc XVIII e a cultura é outra. A forma de pensar e de agir é outra. Coisas que achamos horríveis eram o pão do nosso dia naquela época.

Durante 700 e tal páginas acompanhamos as aventuras de Cachita, de Milagros, do Melchor, da Ana, da velha María e quando chegamos ao fim temos uma sensação agridoce na boca. Porque é que terminou assim? Porque é que aquele teve de morrer? Porque é que aquele sequer existe?
Somos introduzidos na cultura dos ciganos de uma forma que nunca pensei ser possível. Eram irreverentes, orgulhosos, valentes. Mas também eram mesquinhos e falsos. Quando odiavam, odiavam até à morte. Mas não a morte da pessoa em questão, mas sim a morte do nome da família. Mas quando amavam... Quando amavam era com uma força pouco característica daquele tempo. Não tinham vergonha de o admitir, nem de o mostrar. Gostei destes ciganos e gostava que mais pessoas os vissem mais como humanos e menos como uma raça desordeira e preguiçosa.

Fiquei curiosa com os restantes livros de Ildefonso Falcones e, com toda a certeza, vou tentar junta-los à minha biblioteca.
Recomendo.

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